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sábado, 3 de março de 2012

. Factores que explicam o conformismo



Depois de várias experiências e muitas discussões com os participantes nessas mesmas experiências, Asch chegou à conclusão que existem 5 factores, pelo menos, que geram e explicam o conformismo social:






1. A unanimidade do grupo: o conformismo é maior nos grupos em que há unanimidade. Basta que exista um elemento aliado no grupo que partilhe uma opinião diferente para os efeitos do conformismo serem menores. Se, além de mim, houver mais alguém que não gostou de um filme aplaudido pela maioria, hesito menos em avançar com a minha opinião.






2. A natureza da resposta: o conformismo aumenta quando a resposta é dada publicamente; a resistência à aceitação da resposta da maioria é maior quando a privacidade é assegurada. Daí a vantagem, por exemplo, do secretismo no voto.






3. A ambiguidade da situação: a pressão do grupo aumenta quando não estamos seguros do que é correto. Quando estamos num meio que não conhecemos, gera-se a dúvida e a desconfiança, o que favorece o conformismo.






4. A importância do grupo: quanto mais atrativo for o grupo para a pessoa, maior é a probabilidade de ela se conformar.






5. A auto-estima: as pessoas com auto-estima menos elevada confiam menos nos seus juízos e opiniões, tendem a adotar o mesmo comportamento e as atitudes que os outros elementos do grupo adotam.

. Conformismo: a experiência de Asch

Salomon Asch ficou célebre pelas conceções que trouxe para a Psicologia Social, muito particularmente pelo conjunto de experiência que realizou, nos anos 50, com o objetivo de esclarecer o modo como as pessoas se influenciam umas às outras. Vê o vídeo que se segue e descreve a experiência por escrito.


. Influência Social: o Conformismo



Já aconteceu a todos: às vezes reconhecemos que não emitimos a nossa opinião sobre um assunto ou acontecimento, de modo a não criar atritos com os outros. Por exemplo, quando vemos um filme que não apreciámos e ficamos em silêncio, mantendo privada a nossa opinião discordante da maioria. Quando isso acontece, diz-se que nos conformámos.



O conformismo é uma forma de influência social que resulta do facto de uma pessoa mudar o seu comportamento ou as suas atitudes por efeito da pressão do grupo. Ou seja, é uma forma de interaçãom um processo de influência inerente ao funcionamento dos grupos. Estes, para se manterem, têm de se reger por normas que devem ser aceites pelos seus membros. A coesão do grupo depende dessa aceitação, daí que sejam exercidas influências e pressões nesse sentido.



As razões que levam uma pessoa a conformar-se são as mesmas que a levam a fazer parte de grupos: a necessidade de ser aceite e de interagir com os outros. Ainda assim, como veremos, há circunstâncias em que o conformismo, quando é excessivo e cego, pode conduzir a consequências muito negativas.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

. John Rawls e a Teoria da Justiça Social




John Ralws é um filósofo norte americano, falecido em 2002, cuja teoria sobre o Estado assenta no conceito de Justiça Social, como o corpo na coluna vertebral. Em termos gerais, defendeu que os direitos das pessoas derivam dos princípios de uma sociedade justa: o princípio da igualdade de oportunidades, princípio da liberdade igual e princípio da diferença.



Igualdade de oportunidades: trata-se de um princípio básico de justiça social segundo o qual o acesso às posições sociais mais valorizadas deve estar garantido a todos independentemente das condições económicas de cada um. O mérito deve ser o critério.



Liberdade Igual: cada pessoa deve ter o máximo de liberdade (civil) que seja compatível com igual grau de liberdade para todos os outros.



Princípio da diferença: segundo este princípio, aqueles que foram brindados com um talento natural que os tornou ricos devem auxiliar os que a natureza não brindou. Nesse sentido, a riqueza deve ser distribuída de forma igualitária, com exceção para os casos em que as desigualdades beneficiem os menos favorecidos (exemplo do médico). No que diz respeito à propriedade, o Estado deve implementar medidas de modo a fazer pagar mais a quem tem mais (exemplo dos impostos).



Em conjunto, constituem os três princípios que qualquer sujeito racional adotaria antes de saber a sua posição social e a parte das faculdades naturais que lhe cabe. É isso que John Rawls quer dizer quando usa a expressão "tomada de decisão sob um véu de ignrância", para que a imparcialidade seja garantida.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

. John Locke e a teoria do contrato social



Colocar a questão da justificação do estado, bem vistas as coisas, significa perguntar de onde vem o poder e a legitimidade do Estado para governar as nossas vidas e intervir nos aspetos que à partida só dizem respeito a cada um de nós, como é o caso do suicídio, da eutanásia, da homossexualidade, da IVG...



John Locke (1632-1704), e mais tarde Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), defenderam a teoria do contrato social. Ou seja, segundo o filósofo inglês, o Estado surge porque as relações sociais se complexificaram, com a questão da propriedade por exemplo, e se tornou necessário um poder imparcial para gerir os conflitos entre os indivíduos com direitos iguais. Dito de outro modo: todos os indivíduos têm direitos iguais à nascença, os chamados direitos naturais, e ninguém tem direito de exercer controlo sobre os outros. Ora, como nem todos cumprem esta disposição natural para a harmonia, os indivíduos tiveram que prescindir de alguns direitos e transferi-los para o Estado central, que se encarregará de garantir o cumprimento dos direitos naturais/fundamentais. É essa a função do estado, garantir o respeito pelos direitos e autonomia de cada um dentro de um plano de igualdade - é esse o limite de atuação do Estado -. O contrato social, embora não se trate de um contrato físico historicamente localizado, como acontece com qualquer contrato, consistiria na transferência de poder dos indivíduos carecidos de proteção para um conjunto de instituições artificiais e apetrechada de meios para punir os que violam a obediência a essas mesmas instituições. Um acordo tácito, portanto. Isto é, algo com que concordamos sem que sejamos consultados sobre o assunto. Se tens dúvidas em relação a isso, basta pensar na tua história individual: nasces e de repente tens um bilhete de identidade, estás incluído num plano nacional de saúde... cresces e tornas-te um jovem com direitos, mas também com responsabilidades e deveres (em Portugal, a responsabilidade jurídica, salvo circunstâncias especiais, surge aos dezasseis anos).... tudo isso sem que tivesses sido consultado. Numa palavra, nasces e estás incluído num Estado de Direito cuja finalidade é garantir a observância do Estado de Natureza.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

. Aristóteles e a justificação do Estado



O poder para fazer leis e a autoridade para usar a força traduzem-se na acção do governo e das polícias, bem como nas decisões dos tribunais e de outras instituições políticas. Assim, mesmo as pessoas adultas e autónomas estão sujeitas às leis dos políticos, às sentenças dos juízes e à autoridade das forças policiais. Quer queiram quer não, as pessoas são obrigadas a obedecer e, caso não o façam, podem ser julgadas e castigadas. Assim, mesmo que sejamos adultos, a nossa vida é largamente condicionada e controlada por decisões de pessoas que muitas vezes nem sequer conhecemos. Será isso aceitável? O que justifica que as decisões dos outros interfiram nas nossas vidas, se é que há justificação para isso? As coisas terão mesmo de ser assim? Porquê?


Este é o problema da justificação do estado. Podemos formulá-lo na seguinte pergunta:


- o que legitima a autoridade do estado?

Uma das respostas mais antigas para este problema foi apresentada por Aristóteles (384-322 a. C.) num livro intitulado Política. Neste livro, Aristóteles estuda os fundamentos e a organização da cidade (polis, em grego, que deu origem ao termo «política»). Naquele tempo, as principais cidades gregas eram estados independentes – tinham os seus próprios governos e exércitos, além de leis e tribunais próprios. Por isso lhes chamamos cidades-estado. Assim, ao falar da origem da cidade, Aristóteles está a falar da origem do estado. Aristóteles defende que a cidade-estado existe por natureza. Os seres humanos sempre procuraram viver sob um estado porque a vida fora do estado é simplesmente impensável. Viver numa sociedade governada pelo poder político faz parte da natureza humana. Quem conseguir viver à margem da cidade-estado não é um ser humano: «é uma besta ou um deus», diz Aristóteles. Por isso se diz que a sua teoria da origem e justificação do estado é naturalista.

O argumento central de Aristóteles é o seguinte:
Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades.
Essas faculdades só poderão ser plenamente desenvolvidas vivendo no seio de uma comunidade (cidade-estado).
Logo, faz parte da natureza humana viver na cidade-estado.

Fora da cidade-estado seríamos, pois, incapazes de desenvolver a nossa natureza. Isso torna-se claro, pensa Aristóteles, quando verificamos que os seres humanos não se limitaram a formar pares de macho e fêmea para procriar, ao contrário dos outros animais.
Constituíram também comunidades de famílias (as aldeias) e estabeleceram a divisão entre governantes e súbditos, com vista à auto-preservação. Mas a comunidade mais completa, que contém todas as outras, é a cidade-estado. Esta é auto-suficiente e não existe apenas para preservar a vida, mas sobretudo para assegurar a vida boa, que é o desejo de todos os seres racionais. É por isso que a cidade-estado é a comunidade mais perfeita e todas as outras comunidades de seres humanos têm tendência para se tornarem estados. Ou seja, a finalidade de todas as comunidades é tornarem-se estados. Este argumento relaciona-se com uma ideia muito importante para Aristóteles: que a natureza de uma coisa é a sua finalidade.
Assim, a finalidade dos seres humanos é viver na cidade-estado porque ao estudarmos a origem destas verificamos que há um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em família para a vida em pequenas comunidades de lares, e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente da cidade-estado. Daí Aristóteles afirmar que «o homem é, por natureza, um animal político». Outra ideia importante para Aristóteles é que o todo é anterior à parte, no sentido em que fora do todo orgânico a que pertence, a parte não seria o que é. O que o leva a dizer que a cidade-estado é por natureza anterior ao indivíduo, pois não há indivíduos auto-suficientes e, portanto, nem sequer existiriam fora dela. Tal como uma mão não funciona separada do resto do corpo, também não há realmente seres humanos isolados da comunidade. Alguém que viva fora da sociedade sem estado não chega a ser um ser humano (é uma besta) ou é mais do que um ser humano (é um deus).
Assim, submetemo-nos à autoridade do estado com a mesma naturalidade que nos tornamos adultos. Isto equivale a dizer que o estado se justifica por si. Daí que, para Aristóteles, o mais importante seja saber que tipo de governo da cidade-estado é melhor para garantir a vida boa.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

. Fórum Social Mundial - testemunhos -



. Movimento Antiglobalização



O Movimento Antiglobalização é uma corrente de protesto mundial que congrega diversos grupos em torno da mesma ideia: o capitalismo e o modelo neoliberal são injustos. Sindicatos, políticos, intelectuais, ecologistas e grupos desfavorecidos pelo sistema atual, entre muitos outros, todos exigem o que consideram ser um mundo mais justo assente numa distribuição menos desigual da riqueza. Reúnem-se com regularidade para estudar os problemas causados pela globalização, organizam campanhas, e promovem encontros para debater a ideia de uma nova ordem mundial. O Fórum Social Mundial, a que o nosso antigo presidente da república, Mário Soares, se associou, é um exemplo disso mesmo.
A força do movimento vem de uma imensa militância composta por jovens, muitos pacifistas, socialistas e anarquistas. No meio destes estão também os “Black Bloc”, um pequeno grupo extremamente violento, conhecido por apedrejar e quebrar os lugares por onde passa, que desvia a atenção dos verdadeiros problemas e que por isso mesmo não tem a simpatia da maioria dos militantes antiglobalização, mais interessados num protesto civilizado e inteligente.

domingo, 30 de outubro de 2011

. O que é uma empresa multinacional



Multinacionais são empresas com sede num país e cujo raio de atuação envolve diversos países. São grandes empresas que instalam filiais noutros países em busca de mercado consumidor, energia, matéria-prima e mão-de-obra baratas. Às vezes produzem partes diferentes de um mesmo produto em países diferentes, exatamente em busca de mão de obra mais barata e de modo a reduzir os custos de produção.A entrada de empresas multinacionais num país é algo positivo, pois gera empregos e desenvolvimento. Porém, grande parte do lucro obtido por estas empresas é enviado para o país investidor. Se tens dúvida de que estão por todo o lado (a globalização é mesmo assim!), observa melhor a imagem acima, talvez caminhes sobre uma delas, talvez tenhas uma ao virar da esquina!



. Vantagens e desvantagens da globalização

A globalização é um processo complexo com consequências a diferentes níveis - económico, político e cultural - e cujas vantagens vão de par com as desvantagens.

A primeira grande vantagem da globalização tem a ver com o facto de aproximar as pessoas e de fazer circular a informação a uma velocidade inimaginável há alguns anos atrás. Hoje em dia, quer queiramos quer não, somos cidadãos do mundo, como dizia Sócrates sobre si mesmo já no século V a.c.. A comunicação entre as pessoas não conhece fronteiras e aquilo que se passa a milhares de quilómetros de nossa casa chega até nós no mesmo instante. Em termos políticos também há algumas vantagens, na medida em que os políticos se organizaram em instituições cada vez mais amplas - ONU, NATO, UE, FMI... - de modo a eliminar as desigualdades e a promover valores universais. A par das vantagens para o capital, pois claro, que pode circular e multiplicar-se sem grandes limitações.

As desvantagens também são várias. Desde logo, ao contrário do que era suposto, porque as diferenças entre países ricos e pobres é cada vez maior. O mesmo dentro de cada país, os pobres são cada vez mais pobres e em maior número, enquanto os ricos, uma minoria, são cada vez mais ricos. Depois, porque a economia engoliu a política, obrigada a seguir o ritmo da bolsa, quando deveria ser ao contrário: os políticos a ditar as regras à economia. Em terceiro lugar, exatamente porque a economia é o centro a partir do qual tudo o resto é determinado, as grandes multinacionais têm vindo a impor-se em todo o mundo, às vezes sem olhar a meios e recrutando mão de obra barata e infantil, arrasando com todos os projetos económicos nacionais, regionais e locais...o que justifica, para terminar, o perigo da emergência dos novos nacionalismos: há pessoas que entendem que a melhor maneira de lutar contra estas novas injustiças é alimentar um falso nacionalismo, que tende a culpar os estrangeiros e emigrantes, também eles vítimas da globalização, pela descaracterização a que todos vamos sendo sujeitos. Não podiam estar mais errados!

. O que é a globalização




O termo globalização tem sido de tal modo banalizado, que começa a ser difícil estabelecer os limites daquilo que realmente representa. Ainda assim, façamos um esforço para compreender o o verdadeiro significado da globalização. Em termos históricos, ainda que existam alguns teóricos que afirmam ser necessário recuar até à epopeia dos descobrimentos, tudo começa depois da segunda grande guerra, com a cooperação de diferentes economias na reconstrução da mesma europa, e com o fim do bloco soviético, que dividia o mundo em dois, o bloco socialista e o bloco capitalista. A ideia é aparentemente simples: trata-se de converter a economia de cada país a um mesmo modelo económico, o modelo neo-liberal. Um modelo assente na ideia de mercado livre, isto é, um mundo em que os investimentos já não conhecem fronteiras e em que todos somos convertidos em cidadãos consumidores de uma mesma aldeia global. Bem vistas as coisas, trata-se da expansão do capitalismo a todos, ou quase todos, os cantos do globo. Um processo obviamente coadjuvado pela revolução tecnológica, que nos permite chegar a todo o lado sem termos de sair de casa. Investir em Caracas, por exemplo, a partir do escritório em Caxias. Em termos gerais, e em consequência desta ideia de economia, significa que somos cada vez mais cidadãos do mesmo mundo, sujeitos às mesmas regras, às mesmas estratégias consumistas, às mesmas modas, aos mesmos gostos...tudo ditado por um sistema sem rosto e que não olha a meios para uniformizar mais e melhor. Tens dúvidas? Faz-te à internet, um dos protagonistas da globalização, e verifica por ti mesmo: a música que os jovens ouvem, os filmes a que assistem, as marcas que ambicionam e as modas que seguem, os hábitos e os estilo de vida...são os mesmos em qualquer parte do mundo. Os jovens com sorte, pois claro, uma vez que continuam a existir milhões de outros jovens, vítimas deste mesmo processo de globalização, que não têm acesso a nada senão a um longo dia de trabalho mal remunerado pelas empresas multinacionais que os exploram.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

. Etnocentrismo e Relativismo Cultural

Como vimos a propósito da noção de aculturação, nem sempre encaramos a diversidade cultural da melhor maneira. Umas vezes julgamos que a nossa cultura é melhor do que as outras e não aceitamos outras formas de ver o mundo, outras viramos costas ao que se passa noutras culturas e toleramos verdadeiras barbaridades como se nada tivéssemos a ver com o que se passa para lá da nossa casa, em vez de aprendermos uns com os outros e assim melhorarmos todos enquanto seres humanos.

À primeira atitude, a que nos fecha em nós mesmos como se fôssemos superiores e nos leva a desprezar as outras culturas, dá-se o nome de etnocentirsmo. Isto é, a nossa cultura ou etnia estaria no centro à volta do qual gravitam todas as outras, a nossa seria a referência para julgar a dos outros. Trata-se de uma atitude perigosa porque pode conduzir à xenofobia, o ódio pelos estrangeiros, ao chauvinismo, o nacionalismo fanático, e em última análise ao racismo, a rejeição violenta de um ou mais grupos étnicos, que está na base de uma das maiores catástrofes da nossa história: a 2ª guerra mundicial e o genocídio a que foram sujeitos os judeus.

À segunda atitude, aparentemente menos perigosa, dá-se o nome de relativismo cultural. Sob a capa do respeito pelas outras formas de estar e culturas, corre-se um risco duplo: o isolamento e a estagnação. Isolamento porque se defende que não há qualquer problema se cada um viver no seu país segundo a sua cultura (como se isso fosse possível!). Estagnação porque não haverá lugar para a mudança, cada cultura permaneceria tranquilamente com os seus valores, mesmo que isso implique a violação dos direitos humanos mais básicos, como o direito à vida ou à liberdade de expressão, que deveriam ser reconhecidos a todo e qualquer ser humano independentemente da sua cultura.

Algures entre as duas atitudes, entre a ideia de que estamos sós e a de que nada temos a aprender uns com os outros, fica a atitude desejável: o amor próprio temperado com tolerância pela diferença e a vontade de melhorar. Porque afinal, como podemos ver no vídeo que segue, pelo menos no que diz respeito às questões fundamentais, como a da felicidade, somos todos muito parecidos!


. Padrões de Cultura, aculturação e globalização




Um Padrão de Cultura é o conjunto de comportamentos que se esperam de nós enquanto ser social. Isto é, aquilo que é considerado normal pelo grupo a que pertencemos e numa determinada cultura. O facto de frequentarmos vários grupos ao longo da vida, às vezes com regras específicas um pouco diferentes entre si, o que os torna uma espécie de subculturas, faz com que absorvamos ideias de muitos lados e que as levemos connosco para onde quer que vamos: quando a missa acaba e vou para a reunião de trabalho, não deixo de ser crente. Tal como acontece com um indivíduo português que se muda para o Japão, uma cultura muito diferente da nossa: não deixa de ser português, mas o mais natural é que se vá habituando às regras e costumes japoneses. A este processo de contágio entre sub-culturas e culturas, chama-se aculturação. Um processo tão antigo como as primeiras viagens, às vezes pacífico, como na emigração, outras violento, como aconteceu muitas vezes nos tempos da colonização. Hoje em dia, porém, acontece a cada momento e sem sairmos de casa. Os meios da sociedade global e as novas tecnologias encarregam-se de nos pôr em contacto com tudo e com todos.

. O Homem é um ser cultural




Ninguém nasce humano, tal como vimos a propósito das crianças selvagens que reproduziam as reacções dos animais com que foram obrigadas a viver. Tornamo-nos humanos, ao longo do processo de socialização que também já estudámos. Isto quer dizer que aquilo que nos distingue dos restantes animais não nasce connosco, adquirimo-lo nas relações sociais em que somos desde cedo incluídos. E que adquirimos? É simples, puxa pela cabeça e recorda-te do que aconteceu contigo mesmo. Tiveste que aprender a andar, a comer, a agradecer, a amar os pais, a respeitar as tradições dos avós, a ler e a escrever, o que te permitiu adquirir conhecimentos sobre matérias várias, a respeitar normas e a saber estar com os amigos...enfim, uma longa série de informação e comportamentos que te permitiram compreender a sociedade em que vives e a ocupar o lugar que ela reserva para ti, e a isso chama-se cultura: a educação, civilização, conhecimentos, crenças, artes, valores, leis, costumes, capacidades e hábitos adquiridos pelo homem em sociedade.


Como podes verificar a cultura é muitas coisas, e algumas muito diferentes. Ainda assim, podemos organizá-las em dois grupos: os elementos instrumentais e os elementos ideológicos. Os primeiros são mais práticos, visam satisfazer as necessidades de alimentação, reprodução e segurança: saber utilizar os recursos naturais, construir diversos tipos de instrumentos, fabricar roupas e calçado... Os segundos, tal como a palavra indica, têm a ver com ideias, são regras ou leis, que nem sempre estão escritas, que nos ajudam a organizar o pensamento e a saber estar nas mais diversas situações: a ideia de bem e mal, a modo como nos cumprimentamos e tratamos os outros, o respeito pela justiça e pelas instituições, o modo como nos casamos...