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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

. A vida em "Grupo"




Se quisermos reduzir a noção de socialização a uma simples afirmação, podemos dizer que se trata do processo de adaptação aos grupos que frequentamos ao longo da nossa vida. Ninguém pode viver sozinho, desde a família e da turma que não escolhemos, aos amigos que adoptamos e ao partido político em que decidimos filiar-nos, passamos a vida a viver em grupo. Como disse Aristóteles, um filósofo da Antiguidade Clássica, o homem é um animal social. Importa, portanto, esclarecermos a noção de grupo.


Será que o conjunto de indivíduos que se reúnem para assistir a um concerto tem as mesmas características daquele que ocorreu para assistir a um incêndio nas proximidades das suas casas? E qual é a relação entre estas duas situações e os membros de uma claque de futebol ou de uma qualquer igreja? Estaremos em qualquer dos casos perante aquilo a que se chama um grupo? Comecemos por analisar o que se entende por grupo.


Um grupo é, como em qualquer daqueles casos, um conjunto de pessoas, embora com características especiais. Desde logo, todos os seus membros têm um objectivo comum - os membros da claque querem que o seu clube ganhe, os membros de um partido que os seus candidatos sejam eleitos. O que quer dizer que todos partilham os mesmos valores, isto é, aceitam um determinado número de regras e normas consideradas fundamentais para a obtenção dos objectivos comuns. Depois, há a questão temporal, os grupos não se reúnem por questões pontuais, isto é, aqui e agora, ocasionais e em resultado de um acontecimento que não se repete necessariamente, nem acidentais, isto é, por uma razão que ninguém previu.


Voltemos agora às questões. Embora tenham a mesma motivação, as pessoas que vão ver o concerto da sua banda favorita não constituem um grupo. E isto por duas razões: primeiro porque não comunicam necessariamente, depois porque o concerto acaba e cada um vai para as suas casas sem que voltem a ver-se. Em relação aos espectadores do incêndio a mesma coisa, o melhor é que seja extinguido depressa e cada um possas continuar a sua vida. Tal como se passa num protesto geral contra a subida dos impostos, todos desejam alcançar o seu objectivo e não ter que vir de novo para a rua. No primeiro caso, o do concerto, como o dos espectadores de uma grande final de futebol, temos uma multidão: um conjunto de indivíduos com uma mesma motivação, mas onde não há comunicação. No segundo, o do incêndio, como no caso de uma fila para tirar o passe, temos um ajuntamento ou aglomerado: conjunto de indivíduos que se juntam com um carácter ocasional e acidental. No terceiro, o do protesto, estamos perante uma manifestação: conjunto de pessoas temporariamente unidas por um determinado objetivo. A claque, por sua vez, essa sim, é um grupo: um conjunto de pessoas, com um mesmo tipo de normas e valores, que interage com frequência para atingir objectivos determinados, daí que destaquem facilmente do resto da multidão que assiste aos mesmos jogos.


Ainda assim, devemos distinguir dois tipos de grupos: os primários e os secundários. Os primários são aqueles onde fazemos as aprendizagens mais básicas da vida em comum: regras de relacionamento, hábitos e cuidados com o corpo, as regras da linguagem... Frequentamo-los durante o período de crescimento e baseiam-se em relações pessoais e íntimas entre os seus memebros: família, jardim de infância, vizinhança, escola... Os outros, os secundários, são motivados por objetivos determinados e as relações entre os memebros têm uma natureza contratual: empresas, associações...

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